GPS   ::  29 Outubro 2019

Como anda a Literacia Financeira dos Portugueses?

É inegável que tem existido um esforço das entidades de supervisão para promover a literacia financeira em Portugal, mas os números ainda são pouco animadores. Esse desconhecimento interfere com a poupança, investimentos e outras decisões financeiras.

Crianças e jovens, grupos vulneráveis de adultos, pequenas e médias empresas e público em geral estão na mira dos supervisores financeiros (Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) no que diz respeito à literacia financeira.

Este ano está a ser preparado o 3.º Inquérito à Literacia Financeira em Portugal, que vai ser implementado no início de 2020. Estes inquéritos permitem avaliar os conhecimentos, comportamentos e atitudes financeiras da população.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelam que a taxa de poupança das famílias portuguesas situava-se nos 3,96% no terceiro trimestre de 2018, um mínimo histórico. Apesar deste ano a taxa de poupança ter crescido para 5,9% no segundo trimestre – depois de ter atingido os 6,1% nos primeiros três meses do ano –, a realidade é que em Portugal se poupa muito menos quando comparado com os outros países da Europa.

Ainda que as explicações tenham sobretudo motivos económicos, como salários baixos, taxa de esforço elevada com a aquisição de casa própria ou devido a arrendamento, a baixa taxa de poupança revela também que a população domina mal os conceitos financeiros, expondo-se a riscos que poderiam ser evitados.

Ainda há uma grande diferença na taxa de poupança entre a zona euro, que ronda os 11%, e em Portugal que se situa nos 4%. Os baixos rendimentos, a inflação e o sentimento de que o Estado protege as pessoas na doença e na reforma, levam a uma certa tolerância com a necessidade de poupar.

Algumas consequências da iliteracia financeira, segundo o Banco de Portugal

  • Má avaliação das necessidades de poupança para o futuro;
  • Dificuldade em compreender o grau de risco das aplicações;
  • Decisões erradas de gestão do orçamento familiar;
  • Contratação de produtos desajustados da finalidade do financiamento;
  • Risco de se optar por produtos com encargos relativamente mais elevados do que o necessário;
  • Recurso excessivo ao crédito e ao risco de sobre-endividamento;
  • Impacto negativo nas famílias e na sociedade e  consequente crescimento económico que interfere diretamente na estabilidade do sistema financeiro;
  • Organizações e pessoas ficam mais vulneráveis a esquemas ilícitos.

O último inquérito sobre o tema foi elaborado há quatro anos. Na generalidade os resultados foram positivos, sendo que 93,5% dos inquiridos revelou ter uma conta bancária, 59% confirmaram que poupavam e 61% diziam ter conseguido responder a despesas inesperadas.

No entanto, o inquérito concluiu que, em relação a conhecimentos financeiros, as respostas revelavam lacunas, tanto em questões gerais como em conceitos diretamente relacionados com produtos financeiros. Quando adquirem um produto financeiro, os portugueses lêem a informação disponibilizada pelas instituições, mas é ao balcão que continuam a pedir conselhos.

O inquérito identificou ainda que, entre a população portuguesa, os que possuem menor conhecimento financeiro são os estudantes, os desempregados, os reformados e os que têm menores rendimentos ou nível de instrução.

Para uma melhor literacia financeira

  • Planeie o orçamento familiar: 30% dos portugueses não o fazem;
  • Poupe: 40% não faz qualquer poupança e só cerca de 60% teriam capacidade para fazer face a uma despesa inesperada equivalente ao seu rendimento mensal;
  • Aprenda ou procure informar-se: 40% dos portugueses tem dificuldade em calcular um juro simples, 80% não sabe o que é um spread e 95% não compreende o conceito de capital garantido de um valor mobiliário, por exemplo.

Formação financeira

Lançado em 2011, o Plano Nacional de Formação Financeira promove a literacia financeira nas escolas. Estas iniciativas são divulgadas no portal Todos Contam. Também pode ser encontrada informação no Portal do Cliente Bancário sobre direitos e deveres associados aos produtos e serviços bancários.

 

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