GPS   ::  10 Março 2020

Como o Coronavírus está a afetar a Economia Portuguesa

Com o surto do coronavírus já se começam a sentir os efeitos na economia mundial e Portugal não é exceção, especialmente no sector do turismo. Tendo em conta que esta é uma das maiores fontes de receita em Portugal, há motivos para preocupações com muitos setores de atividade a registarem prejuízos ainda incalculáveis.

De alguns anos para cá temos assistido a um grande crescimento e investimento no turismo em Portugal. Mas, nesta altura em que o objetivo maior em todos os países é travar a contaminação pelo Covid-19, as viagens estão totalmente desaconselhadas. Esta prevenção resulta em prejuízos altíssimos para o turismo mas também para a aviação, a restauração, o comércio (especialmente o de luxo) e o sector imobiliário e de grandes eventos. E estes são os mais penalizados porque este o coronavírus inibe as viagens e as grandes concentrações. A desmarcação de voos e hotéis e a desistência de grandes eventos já causaram grandes prejuízos ainda não contabilizados.

Por outro lado, este vírus obriga a um maior investimento em cuidados de saúde, apoios públicos e medidas de contingência. Ainda mal refeitos da recessão económica e com uma elevada dívida externa, o Estado ressentir-se-á e os privados também.

Portugal arrisca o crescimento mais baixo desde 2014

De acordo com dados do Banco de Portugal, as exportações nacionais do sector do turismo representam cerca de 8% do PIB (cerca de 18,6% das exportações totais). De acordo com dados de turismo do Eurostat, este sector será responsável por mais de 400 mil empregos (equivalentes a tempo integral), ou seja, 8,5% dos empregos totais em Portugal.

Se se confirmarem os prejuízos estimados para a Zona Euro, significa que o crescimento do produto interno bruto (PIB), em 2020, poderá vir a ser o mais baixo desde 2014, ano em que a troika saiu do país.

Neste momento, a grande incógnita é a duração deste problema porque quanto mais tempo o coronavírus estiver ativo, mais a economia será afetada.

As pessoas também terão tendência a poupar até perceberem o que as espera nos próximos tempos e, por estarem mais restritas, também vão gastar menos.

A OCDE já tinha avisado que, caso o surto fosse duradouro e se alargasse às regiões Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte, afetaria o crescimento mundial, descendo para 1,5% em 2020, metade do valor das projeções antes do vírus.

Para a China, país de origem deste surto, os números são ainda piores e a OCDE é bem mais pessimista, ao rever em baixa o seu crescimento em 0,8%, para 4,9%.

Na Europa, onde se pensa que o coronavírus ainda não atingiu o exponencial máximo, a OCDE revê em baixa o crescimento do produto interno bruto (PIB) na Zona Euro, para apenas 0,8%, abaixo dos 1,1% que previa na última revisão. Mas os próximos meses serão determinantes para confirmar ou não estes cenários. 

Os números no Sector do Turismo

A Organização Mundial do Turismo (OMT) reviu em baixa as estimativas para o turismo internacional este ano, apontando para recuos entre 1% e 3% e perdas que podem oscilar entre os 27 e os 45 mil milhões de euros. Antes do surto, a OMT previa um crescimento do setor entre os 3% e os 4%.

Mas tendo em conta que o turismo é uma atividade de elevado contacto pessoal, representa um enorme risco permitir a mobilidade de pessoas.

Numa primeira análise, a entidade aponta que a Ásia e Pacífico sejam as regiões mais afetadas, com uma queda estimada nas chegadas entre 9% e 12%, na sequência do cancelamento de viagens e reservas de turistas chineses.

No entanto, a organização considera prematuro avançar com estimativas para outras regiões, tendo em conta a situação atual, embora seja já possível antecipar significativas perdas em países como Itália – nomeadamente em regiões com grande tradição turística como Veneza, Florença e Milão.

Como forma de dar resposta aos desafios que se avizinham, a OMT pediu aos governos e organizações internacionais que incluam o setor como uma prioridade nos planos e ações de recuperação dos danos causados pelo novo coronavírus.

Para a OMT, o turismo terá um papel decisivo na recuperação económica futura e deve ser uma prioridade para os governos e organizações internacionais.

A entidade pede assim apoio político e económico para medidas de recuperação, sendo que o setor é composto em cerca de 80% por pequenas e médias empresas e, por isso, mais vulneráveis aos riscos e prejuízos.

 

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