GPS   ::  22 Outubro 2019

Saúde Mental e Saúde Financeira, trate das duas e viva melhor!

Em certos casos, é difícil determinar o que começou a correr mal primeiro: a parte financeira ou a parte emocional. Mas a verdade é que estas duas áreas interferem na vida de muitas pessoas, levando a uma perda de controlo.

Uma pesquisa da Universidade de Southampton, nos Estados Unidos, avaliou 65 estudos que relacionam dívidas e saúde mental. O resultado comprova que existe uma relação entre as duas áreas e demonstra o enorme impacto do dinheiro na vida das pessoas.

Um dos estudos avaliados fala sobre o risco de depressão devido a problemas financeiros, sobretudo em grupos com menos acesso à formação, próximos da idade da reforma ou divorciados. A preocupação com dívidas leva ao aumento do stress e a uma reduzida resistência à ansiedade e depressão.

Problemas psicológicos acabam por interferir com a capacidade de administração financeira, sendo as compras por impulso e gastos supérfluos alguns dos sinais, e também com a capacidade de encontrar ou manter um emprego.

Não importa o que surgiu primeiro — se os obstáculos financeiros ou os problemas emocionais — a melhor solução é tratar de ambos em simultâneo. Quando as pessoas estão estáveis, é mais fácil tomar decisões conscientes acerca de dinheiro. Da mesma forma, é mais fácil tratar da saúde quando não se tem problemas com dinheiro.

Vera Rita de Mello Ferreira é uma psicanalista brasileira, especialista em Psicologia Económica, que publicou um livro sobre o Comportamento Económico e a Tomada de Decisão e reconhece o forte impacto que os problemas financeiros têm na estabilidade emocional, apontando dados importantes, ao afirmar que poucas pessoas têm uma vida financeira saudável. Isto porque a família, amigos e até o meio onde se vive podem influenciar a relação com o dinheiro. Há muitos apelos ao consumo e muita gente a comprar por impulso, mesmo que isso signifique endividar-se. Segundo a autora, há uma pressão social para que as pessoas consumam, e esse estilo de vida funciona como uma afirmação de status.

Outro fator comportamental referido é que, no meio atual, ninguém revela quanto ganha mas todos ficam atentos ao que os outros compram (carros, telemóveis, etc.) e é daí que vem o desejo de acompanhar esse estilo de vida, de estar ao mesmo nível. Existe o desejo de pertencer a um determinado grupo e corresponder às expectativas das pessoas que o compõem, ainda que isso signifique endividar-se.

Segundo a autora, não é o dinheiro que influencia o estado emocional, mas sim este que faz as pessoas descontrolarem-se nas decisões acerca de dinheiro. Isto porque todas as decisões passam por uma avaliação emocional. Se algo vai de encontro às nossas crenças, aspirações e valores, aceitamos. Se incomoda, frustra e não corresponde aos nossos desejos, não. É por isso que muita gente endividada não consegue consultar o extrato bancário ou abrir a fatura do cartão de crédito. A tendência é evitar o confronto com a situação.

Quem passa por dificuldades financeiras costuma ficar emocionalmente abalado e apresentar quadros de stress, ansiedade e desânimo. Existe ainda a ideia de que a vida depende do dinheiro, o que agrava esse estado de tristeza.

Perder o medo do dinheiro

  • Tudo começa por tomar as rédeas da situação e perceber a real situação financeira. Não é fácil, e quanto maior for o endividamento, maior será o receio.
  • É necessário ter coragem de fazer um levantamento dos gastos e verificar os extratos bancários.
  • Outra atitude fundamental é cortar despesas, mas é um erro imaginar que se deve eliminar tudo. A pessoa precisa manter alguns hábitos de que goste, diminuindo a regularidade dos mesmos.
  • Deixar os cartões de débito e crédito em casa e definir uma quantia-limite, em dinheiro, a ser gasta naquele dia, ou naquela semana, também é uma forma eficaz de controlo.
  • Eventualmente, permitir-se a uma recompensa pelo esforço ajuda na manutenção dessa rotina.

 Quando e onde pedir ajuda

  • Quando o endividamento assumir proporções consideráveis ou existir a sensação de perda de controlo.
  • Pode pedir ajuda, por exemplo, ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da DECO, onde o procurarão ajudar de forma prática e com conselhos de conduta adequados ao seu caso.
  • Fazer consultas de psicologia ou atividades que ajudem a reduzir a ansiedade e a acalmar-se. Com a cabeça em ordem, tudo fica mais claro.
  • Definir um orçamento familiar, considerando o rendimento e as despesas, e ter uma pequena poupança.

 

A informação contida neste artigo tem caráter meramente informativo, não devendo nem podendo desencadear ou justificar qualquer ação ou omissão, nem sustentar qualquer operação ou ainda substituir qualquer julgamento próprio dos leitores, sendo estes, por isso, inteiramente responsáveis pelos atos e omissões que pratiquem. O Banco BNI Europa declina, desde já, qualquer responsabilidade pelas decisões, ou pelos resultados que resultem, direta ou indiretamente, da utilização da informação contida neste artigo, independentemente da forma ou natureza que possam vir a revestir.